Alerta da DECO para brinquedos perigosos este Natal

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Brinquedos My Friend Cayla e i-Que colocam crianças em perigo

Em causa está a privacidade dos dados pessoais das crianças que interagem com a boneca My Friend Cayla e o robô i-Que, brinquedos que se ligam à Internet.

O Conselho de Consumidores Norueguês (ForbrukerRådet) analisou as características técnicas de alguns brinquedos ligados à Internet e os termos e condições das suas apps. Os resultados provam infrações graves aos direitos das crianças, nomeadamente no que respeita à privacidade dos dados pessoais.

Em Portugal, a boneca My friend Cayla e o robô i-Que não estão à venda em lojas físicas. Porém, estão disponíveis em plataformas online como a Amazon ou o eBay. Já alertámos a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica – ASAE, entidade responsável por fiscalizar estas situações. Embora não estejam nas lojas físicas atualmente, estes brinquedos poderão entrar no mercado. Além disso, podem existir outros com as mesmas características a ser comercializados em Portugal.

Através de ligação à Net, microfones incorporados e tecnologias de reconhecimento de fala, a boneca My Friend Cayla e o robô i-Que “conversam” com as crianças. A boneca, por exemplo, pergunta o nome à criança, diz o seu próprio nome e explica como fazer um bolo, entre outras informações. O i-Que segue a mesma lógica, mas está mais direcionado para rapazes.

Ao interagir com estes brinquedos, as crianças podem partilhar informações pessoais sigilosas.

Com base no estudo do ForbrukerRådet, as organizações europeias de consumidores – nomeadamente a DECO – e norte-americanas denunciaram as suas preocupações às autoridades competentes internacionais, entre elas a EU Network of the Consumer Protection Authorities, EU Network of Data Protection Authorities, Commissions Toy Safety Committee e International Consumer Protection and Enforcement Network.

As falhas detetadas

  • Falta de segurança: desde que tenha a app instalada, qualquer pessoa pode assumir facilmente o controlo dos brinquedos através do telemóvel, tornando possível falar e ouvir. Esta falha poderia ser evitada se o acesso físico fosse necessário ou a criança tivesse de pressionar um botão para emparelhar os dois equipamentos.
  • Termos e condições ilegais: para usar o brinquedo, os consumidores têm de aceitar que os termos e condições sejam alterados sem aviso prévio, que os dados pessoais possam ser usados para publicidade e que essas informações sejam partilhadas com terceiros não identificados. A situação viola a legislação relativa à proteção de dados e segurança dos brinquedos.
  • Partilha dos segredos das crianças: a gravação das conversas entre a criança e o brinquedo é transferida para a empresa americana Nuance Communications, que se reserva o direito de partilhar essa informação com terceiros e de usar os dados para diversos fins.
  • Crianças sujeitas a marketing escondido: os brinquedos são formatados com frases pré-programadas, recomendando diferentes produtos comerciais. Por exemplo, a boneca Cayla “fala” sobre quanto gosta de alguns filmes da Disney, o que revela uma clara relação comercial entre o fabricante e a Disney.

Como proteger os seus filhos

É importante conversar sobre os brinquedos, o que fazem e o que significa estarem ligados à Internet. Se estiver mesmo interessado em comprar, faça uma pesquisa na Net para averiguar como o brinquedo responde às perguntas; muitas frases são pré-programadas. Desligue o aparelho quando não estiver a ser usado e verifique quem o utiliza. Não se esqueça de que, em qualquer compra online, pode devolver o produto no prazo de 14 dias após a receção.