“O meu frango sem salmonela, por favor”

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– Como quer o seu frango? – O meu sem salmonela, por favor. Nem como piada este diálogo deveria ocorrer. Por isso, preocupam-nos as notícias sobre 1,4 mil toneladas de frango devolvidas ao Brasil por ter sido detectada a presença de salmonela, bactéria que pode provocar problemas de saúde como gastroenterite (inflamação da mucosa estomacal e intestinal). É inaceitável que destinem a nós o que o Reino Unido julgou inadequado à sua população.

Alega-se que bastaria somente cozinhar bem o alimento, pois esta bactéria é sensível à alta temperatura. Porém, caso haja contaminação e alguma doença preexistente, é possível que provoque doenças mais graves, principalmente para crianças e idosos.

O Mercosul, do qual o Brasil é sócio-fundador, acaba de firmar acordo com a União Europeia. Isso, como temos afirmado, exigirá aperfeiçoamento de normas, procedimentos, tecnologias e do nível de qualidade de produtos e de serviços. Se vamos produzir com a qualidade exigida pelos europeus, temos de oferecer, também ao mercado interno, produtos sem substâncias que eles não aceitam. Não somos cidadãos de segunda classe.

Submeter consumidores brasileiros ao risco de contrair diarreia ou doenças mais graves do trato intestinal somente por questões econômicas é a autêntica síndrome de vira-lata.

É óbvio que, na guerra comercial entre países, alegações sempre devem ser comprovadas. Há barreiras não comerciais, e eventuais acusações indevidas. Ocorre que a própria ministra da Agricultura, Tereza Cristina, confirmou que o frango foi devolvido após a detecção de salmonela. Logo, não deveria ser vendido para ninguém – nem para ingleses, nem para brasileiros.

Da mesma forma, deveríamos seguir parâmetros internacionais para agrotóxicos e outras substâncias nocivas, muitas delas banidas fora de nossas fronteiras, e permitidas aqui no Brasil.

Os cuidados com a saúde, todos sabem, começam em hábitos saudáveis para evitar doenças. É por isso que as companhias de abastecimento de água têm uma série de protocolos e de sistemas no tratamento da água que vem de diversos mananciais. Também é por esta razão que fazemos exercícios; moderamos o consumo de sal, açúcar e gorduras; evitamos itens superprocessados, e não deveríamos comer frango com salmonela.

Maria Inês Dolci

In O Noroeste online

10.07.2019

 

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