Pesquisa de preços e troca de marcas são recursos do consumidor antes das eleições

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Pesquisa de preços e troca de marcas antes de comprar sempre foi recomendação básica aos consumidores, principalmente aos que têm baixa renda, a maioria dos brasileiros. Mas, poucas vezes na história deste país, lamentavelmente, encontrar o melhor preço foi tão vital para quase todas e todos, pois temos inflação alta, generalizada na economia e os raros empregos que aparecem são com menores salários. E trocar marcas contraria as escolhas dos consumidores, mas pode ser a única saída.

Mesmo no passado hiperinflacionário, na maior parte do tempo, havia taxas elevadíssimas, mas índice de desemprego menor, mais formalização do trabalho (com registro em carteira e benefícios) e mecanismos de correção dos salários.

Hoje não se trata somente de procurar o produto mais em conta. Muitas vezes é fundamental substituir um item sempre utilizado, por ter registrado um aumento que não cabe em orçamento algum. Ou optar por um produto de marca menos conhecida, mas com preços mais em conta.

E não me refiro a produtos mais sofisticados, tidos como supérfluos, mas a cenoura, tomate, abobrinha, melão, morango e carnes, campeões dos reajustes nos últimos 12 meses, dentre outros vilões da alimentação. A carne bovina começou a ser substituída por frango, depois por miúdos, salsicha, sardinha e ovo. Não foram poucos que passaram a comprar pés de galinha e ossos!

Até o cafezinho ficou distante da população, pois seus preços subiram 65,53% nos últimos 12 meses.

A inflação de abril, 1,06%, a maior para este mês desde 1996, acendeu o farol vermelho para a economia brasileira. Estamos indo para o vinagre enquanto a politicagem segue na ordem do dia, com discussões sobre urnas eletrônica, perdão para parlamentar de estimação e uma improvável privatização da Petrobras.

Não há propostas claras para desacelerar a inflação, reduzir os preços dos produtos da cesta básica e gerar empregos. Muito menos para recuperar o poder de compra dos brasileiros.

Então, além de ficar atentos ao processo eleitoral para escolher melhor os futuros governantes, há que passar pente fino nas compras, com muita pesquisa e identificação de itens que substituam os mais caros.

E isso que eu nem falei da escalada de preços da energia elétrica, do gás de cozinha e dos combustíveis, itens não são sujeitos à concorrência, que encarecem todos os produtos e serviços.

Maria Inês Dolci

In Folha de São Paulo online, 18.05.2022

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