Use o dinheiro esquecido para pagar dívidas

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Se você for um felizardo ou felizarda com uns “trocos” nas contas-correntes, use o dinheiro esquecido para pagar dívidas. Zere, por exemplo, o rotativo do cartão de crédito. E não faça novas despesas evitáveis. Os tempos já estavam bicudos na economia e na política nacional, mas agora os efeitos da invasão da Ucrânia vão se alastrar por todo o planeta, piorando a situação em geral.

Não dever, ainda mais com os juros em alta, é fundamental para ter equilíbrio – não somente financeiro, mas psicológico e emocional. Saber que as contas vão chegar e que não haverá como quitá-las é um convite à insônia. (reveja aqui a nossa iniciativa À Conversa Com… sobre as dificuldades em pagar as contas)

Tenho insistido muito que é fundamental fazer orçamento e, na medida do impossível, seguir o que foi planejado. Há uma questão muito relevante neste caso: nem sempre são as grandes contas que nos quebram, mas a soma das pequenas, que passam despercebidas.

Gerir o orçamento familiar é fundamental

Cada oportunidade que aparece de ingresso de recursos – como ocorre agora com quem deixou dinheiro na conta e nem sabia disso –, deve ser aproveitada para se afastar da inadimplência, ou seja, da incapacidade de pagar os boletos em dia.

Isso vale também para a restituição do Imposto de Renda, herança, venda de imóvel ou de outros bens.

Além disso, quem ainda tiver investimentos financeiros, o que geralmente é fruto de muitos anos de poupança, deve considerar sacar ao menos uma parte para reduzir os débitos, ou seja, use o dinheiro esquecido para pagar dívidas. O motivo é simples: os rendimentos das aplicações estão muito baixos, e os juros das dívidas, elevadíssimos.

Para não dever, em períodos difíceis como nos últimos anos, temos de mudar hábitos de consumo. E isso também significa, algumas vezes, abrir mão de produtos e serviços aos quais nos acostumamos. Tenho certeza de que milhões de brasileiros devem pelo menos ter diminuído o consumo de café, cujos preços subiram 50% em 2021.

Olho vivo, também, nas renegociações de dívidas, que propiciam redução de juros e multas. Sempre é melhor negociar do que deixar as dívidas explodirem.

É óbvio que estas recomendações são para quem tiver fontes regulares de renda, pelo trabalho formal, informal ou como microempresários. Quem sai diariamente em busca de uma refeição, sem saber se conseguirá, tem de ser ajudado pelos governos, principalmente o federal. Não como planejar as finanças quando inexiste renda.

Maria Inês Dolci

In Folha de São Paulo, 10/03/2022

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